Não há nobreza em trabalhar
“Afirma-se que o trabalho enobrece o homem.” Com certeza uma frase utilizada como forma de alienar as pessoas. Desde muitos séculos atrás, sabemos que o trabalho era mal visto pelas classes superiores, sendo uma tarefa realizada pela base da hierarquia. Isso não significa que todo trabalho é vergonhoso, mas também não confirma que trabalhar enobrece o indivíduo. Como julgar um trabalho vergonhoso ou enobrecedor, então?
O que determina se um trabalho é nobre é a remuneração ou dignidade? Se o trabalho de lixeiro fosse bem pago, esse seria digno? Se comandar uma grande empresa não pagasse as dívidas de um indivíduo, seria então um trabalho vergonhoso? Séculos atrás, trabalhar não estava entre as atividades dos nobres, por que então dizer que hoje enobrece? Se isso fosse verdade, a vergonha não estaria inserida nos sentimentos das pessoas, pois não há motivos de envergonhar-se, quando pertencente à nobreza.
Se um engraxate se esconde para não ser reconhecido por amigos é porque este se envergonha da profissão. Mas, ele tem vergonha de ser engraxate ou vergonha de ter que ser engraxate para sobreviver? Caso seja o primeiro motivo, a vaidade é o que justifica, já no segundo, a falta de opções explica, sendo a única saída, trabalhar como engraxate. Agora, se pensarmos em um grande executivo, para ele, trabalhar é uma atividade nobre, pois este faz parte de uma pequena minoria que desfruta da riqueza, levando uma vida confortável, por isso ele não teria vergonha do seu trabalho.
Digo então, que não existe paradoxo entre trabalho vergonhoso e trabalho enobrecedor, pois trabalhar não é uma atividade nobre, porém também não saberia julgar o que é trabalhar. Eu diria que trabalhar é preciso, indiferente de ser vergonhoso ou, como dito, nobre. Pois de qualquer forma precisamos sobreviver, então estamos associados à dependência e não ao prazer do trabalho.
Fernando Brahm Junior
01/05/2011
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Proposta de redação do curso vestibular UFRGS
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